5 de novembro de 2010

Análise da Obra: O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde




Considerada uma das maiores obras do Oscar Wilde, único romance deste autor. A obra retrata a corrupção dos valores da sociedade cuja estética é um dos fatores primordiais quando se almeja ter sucesso. Atualmente, este demasiado valor a beleza parece ser mais acentuado conquanto o indivíduo não seja julgado plenamente por sua capacidade e sim Dorian pelo seu modo de vestir e de falar, se é gordo ou magro, se tem cabelos loiros ou castanhos, se é branco ou negro.

O livro nos mostra estas vertentes. Dorian Gray é um jovem exemplar, não por sua conduta obviamente réproba mas pela beleza do seu rosto e de sua juventude. O personagem não dá crédito suficiente a esta beleza, ou não tanto, até conhecer Lord Henry que lhe esmaga com suas teorias e valores contrários a moralidade da época, mostrando sua profunda tristeza por que toda a beleza que Dorian aspirava estava sujeita ao tempo e se perderia com o passar dos anos. Dorian é confrontado através do seu retrato pintado pelo amigo e confidente Basil Hallward. Percebendo o quão perene são todas as coisas e conseguintemente ele mesmo Dorian amaldiçoa a ação inevitável do tempo que imprecará máculas em sua face perfeita, deixará cansados seus olhos vivos, decrépito seu corpo viril e jovial. Absorto nestes pensamentos Dorian faz um pedido: sua alma para que o quadro envelhecesse em seu lugar.

Marcado pelo profundo desejo de permanecer incólume em seu corpo, o retrato, fruto da profunda admiração de Basil por ele, toma para si todas as conseqüências dos atos de Dorian, funcionado como inquisidor da própria imagem, de maneira que Dorian desenvolve um medo mortal deste segredo (tão logo percebe que o retrato incorpora todas as imperfeições estéticas que deviam ser dele).

Seu retrato é sua própria alma, antes intocada e pura, gentil e doce, digna de todas as aprovações mas no decorrer da história fica decrépita de modo que suas semelhanças com o personagem são cada vez mais distintas. O quadro reflete tudo aquilo que Dorian despreza e ignora e serve como inquisidor de modo a confrontá-lo em a verdade absoluta e imperturbável.

Apoiado no falso sentimento de segurança, acreditando estar acima dos próprios pecados, Dorian se corrompe a ponto de ser evitado pela sociedade que lhe condena todos os atos. Por fim, com medo e precisando de alguém com quem partilhar seu segredo, ele acaba tornando seu amigo um confidente da terrível maldição que lhe mantém incólume e deste ato para seu final trágico temos uma viagem entre uma admiração e um assassinato.
 
Dorian é indicado para quem quer outra visão sobre conceitos tão presentes na vida cotidiana, como a beleza e o que é aceitável na   vivência social.

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